Conta Roberto Pellin em seu livro “Revelando a Tristeza (1979)” que o Morro do Sabiá, no final do século 19, pertencia ao Barão Von Seidel, um apaixonado pelo Guaíba. Teria ele construído uma platibanda sobre a figueira mais alta do morro, cujo objetivo era o de observar as embarcações entrarem no rio, vindas da Lagoa. Muitos anos depois, tais terras teriam sido adquiridas por Otto Niemayer, e, mais tarde, por Oscar Bastian Meyer, o qual arborizou e embelezou o local, tornando-o a chácara da Vila Clotilde. Porém, diante de dificuldades para administrar tão extensa área, Lya Bastian Meyer, filha de Oscar, vendeu parte da propriedade a terceiros. Entre os compradores estava o Colégio Anchieta, aquisição feita em 1949. Em pesquisas ao acervo da Revista do Globo, edição de julho de 1953, a matéria intitulada “uma casa para a juventude”, registra o início das atividades no local pelos alunos e professores da instituição: “Casa da Juventude, iniciativa de uma instituição católica, é um lugar onde os rapazes se educam nas horas de recreio”.
Foi o Padre Henrique Pouquet o idealizador do espaço de lazer na Zona Sul da cidade. Destinado aos alunos do Colégio Anchieta, o retiro localizava-se, na época, entre os balneários Ipanema e Tristeza, no alto do Morro do Sabiá. Conforme o padre, a ideia de um lugar de recreio, onde os alunos pudessem, não só aprender ensinamentos, mas também se divertir à beira do Guaíba, praticando esportes, resultaria em meninos mais sadios e comprometidos com a escola. Diante dos resultados positivos de uma experiência anterior, os padres resolveram investir na nova aquisição. Em 1950 a Associação Nossa Sra. da Glória havia construído em Caxias do Sul, na Vila Oliva, uma casa nos moldes da que se fez em Ipanema, com capacidade para dar abrigo a oitenta rapazes, os quais podiam, nos meses de janeiro e fevereiro, fazer o seu veraneio. Assim, o padre pensou em um local mais próximo da cidade, o qual oferecesse oportunidades de diversão e convívio entre professores e alunos.
A reportagem da Revista do Globo destacava as instalações construídas no espaço recém adquirido: “A casa dispõe de três dormitórios coletivos, um campo de futebol, canchas para a prática do tênis, volibol e basquete, um bar, um restaurante e uma capela recentemente inaugurada e que deverá ser decorada pelo conhecido pintor Locatelli”
A matéria também fazia referência aos usos do Guaíba pelos alunos: “No Morro do Sabiá os jovens passam despreocupadamente as suas horas de folga. Na praia pode-se fazer pescarias, passear de barco, banhar-se ou repousar sob o sol”.
Fonte: Revista do Globo – 11/07/1953 – N. 590 – Ano XXIV.
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