VAPOR PORTO ALEGRE: VIAGEM DE RECREIO PELAS ÁGUAS DO GUAÍBA

3 Comentários

Durante muito tempo, antes do inicio da era das rodovias, o principal meio de transporte entre Porto Alegre e as cidades junto aos rios eram os vapores da Cia. Arnt de Navegação. Fundada pelos alemães Jacob e Leopoldo Arnt, a empresa funcionou até a década de 1960. Com o objetivo de assegurar o abastecimento da capital, Jacob tornou viável a navegação sistemática entre os rios, suas cidades e Porto Alegre. O principal barco da frota era o vapor Porto Alegre, de 42 metros, capaz de transportar até 400 passageiros. Tinha camarotes, cozinha e refeitório. Levava cinco horas para percorrer, por exemplo, o trajeto entre Porto Alegre e a cidade de Taquari. O confortável vapor também fazia viagens de turismo nos domingos pelas llhas e praias do Guaíba. Entre essas praias, o vapor chegava até o extremo da zona sul, no arrabalde da Tristeza, onde atracava na aprazível praia de Pedra Redonda, própria para banhos e com estrutura para receber os turistas. Segundo matéria publicada na Revista do Globo (20/03/1943):

“Dotado de larga experiência e observação feita em outros centros de navegação fluvial e mesmo no Rio de Janeiro, na Baía da Guanabara, – passeios nas conhecidas barcas para Paquetá, o Sr. Arnt não podia ficar indiferente ao surto de progresso da nossa capital que, aos poucos, vem se transformando na mais importante cidade de turismo do sul do país, com acesso fácil às praias marinhas e fluviais. Desde fins de 1941 pôs em práticas os passeios fluviais aos domingos, sendo que nos dias uteis faz viagens redondas entre Porto Alegre e Taquari, num dos melhores vapores de que dispõe, o Porto Alegre. E tal o sucesso dessas viagens de recreio aos domingos e dias feriados durante o verão, que raras são as famílias portoalegrenses ainda não acostumadas a esses aprazíveis passeios em torno das ilhas e das praias do Guaíba. Os vapores já se tornam mesmo pequenos para acomodar o grande numero de excursionistas que acorrem às suas viagens”.

Vapor Porto Alegre (Revista do Globo/1943)

Inauguração do DINOSUL/1974

1 Comentário

A imagem a seguir é uma relíquia garimpada no Facebook – Memórias dos Bairros(Ipanema).

Os Campos da Várzea

1 Comentário

Casarão da Várzea/século XIX Fonte: DELFOS/PUCRS

Casarão da Várzea, sede do Colégio Militar, redefiniu a arquitetura e a paisagem da Capital.

Portentoso prédio faz parte do patrimônio histórico da cidade desde a fundação, em 1872.

Mais

A BROMBERG & CIA. E AS EXPOSIÇÕES AGROPECUÁRIAS

Deixe um comentário

Pavilhão da Bromberg na II Feira Agropecuária/1912

As grandes exposições representaram a modernidade do final do século dezenove e início do século vinte. O progresso, resultante do desenvolvimento da ciência e da indústria, especialmente reflexo da segunda revolução industrial, sinalizava que o conhecimento seria transnacional, sem limites. Polo de atração para os imigrantes, o Rio Grande do Sul mostrava ao mundo uma economia estável, a qual não dependia das incertezas do mercado internacional. Parte desse desenvolvimento econômico estava associado ao comércio praticado pelos imigrantes alemães. Em 1912 realizou-se no arrabalde do Menino Deus a II Exposição Agropecuária Estadual. A Bromberg & Cia, reconhecida internacionalmente por ser a maior distribuidora de máquinas alemãs para toda a América do Sul, marcou presença neste evento. Mais

Os ingleses mostram o “foot-ball” para os guris da Tristeza, Zona Sul de Porto Alegre

Deixe um comentário

Edgar Booth, descendente de ingleses, foi o primeiro a apresentar as regras do “foot-ball” aos “guris” do longínquo arrabalde da Tristeza naqueles idos de 1900. Filho do Comandante Charles Edward Booth, egresso da Marinha Mercante Inglesa e de Jenny Adelina Booth, também imigrante, Edgar e sua família residiam em uma chácara a beira do Guaíba – região de veraneio de famílias de boa situação financeira.

Família Booth (Edgar ao centro)/Chácara na Tristeza/1900

Mais

“Histórias da Zona Sul 3” – Guaíba: um falso rio conta a história da cidade – Programa na Rádio Ipanema Comunitária 87.9 FM

Deixe um comentário

http://ipanemacomunitaria.blogspot.com.br/2017/03/historias-da-zona-sul-ao-vivo-neste.html

 

Talento traçado a lápis: a história de Lucas

4 Comentários

Monstrinhos RBS inspiraram Lucas

A história do homem está cheia de exemplos de pessoas que, apesar de nascidas em um meio adverso, ainda assim venceram as dificuldades e se tornaram referência em sua área. Como explicar, por exemplo, a genialidade do escritor brasileiro Machado de Assis, nascido no Morro do Livramento, filho de um pintor de parede e de uma lavadeira, que, ao vender doces nas escolas do Rio de Janeiro, aprendeu francês. Autodidata e inovador na narrativa literária, Machado chegou à condição de melhor escritor brasileiro devido a seu talento. Assim como o gênio do Realismo, ao longo dos anos, surgem crianças talentosas, cujo potencial precisa ser estimulado e valorizado. E esse fato tem sido, não raro, negligenciado por educadores e pela sociedade em geral. Esse é o caso de Lucas Vicente Dorneles, cuja história vou contar a seguir: Mais

Comandante Charles Edward Booth: da Inglaterra para a Zona Sul de Porto Alegre

4 Comentários

Comandante Booth em passeio pela Estrada da Pedra Redonda/1900

Comandante Booth em passeio pela Estrada da Pedra Redonda/1900 – atual Cel. Marcos.

Na segunda metade do século XIX, integrando o grupo de ingleses recém chegados ao Rio Grande do Sul, Charles Edward Booth descobre a Zona Sul de Porto Alegre. Egresso da Marinha Mercante Inglesa, Charles ficou conhecido por Comandante Booth. Conta sua bisneta Rita Brugger que ele residiu também no Partenon antes de se mudar para a Pedra Redonda. Na realidade, ele comprou uma área que ia desde a beira do rio até a Cavalhada. Toda a região onde hoje se situa os bairros Pedra Redonda e Jardim Isabel pertenciam aos Booth. “Nosso bisavô Charles foi o primeiro na Pedra Redonda, ele comprou muitas terras aqui”. Mais

As vivendas de verão da Zona Sul

Deixe um comentário

Vivendas de Verao 1900

Mansão erguida em 1900 para o veraneio
Fonte: acervo particular
a

No auge do veraneio da Pedra Redonda e com o advento da Estrada de Ferro do Riacho cresce a procura por terrenos na região. É desta época a construção das primeiras vivendas de verão, as imponentes e admiradas residências com praia particular erguidas à beira rio. Famílias tradicionais de Porto Alegre terão por hábito banhar-se nas águas tranquilas e límpidas do Guaíba na Zona Sul da cidade. Entre essas famílias, destacam-se os Booth, Bromberg, Bier, Ely, Barata, entre outros.

Percepções de um lugar

Deixe um comentário

Ipanema, a luz abraça o Guaíba,

acorda as casas, colore os corpos.

Tudo é ouro.

Ipanema, o vento despe as árvores,

amarela as transversais,  enfurece o rio.

Tudo é chumbo.

Ipanema, tão belos que são,

luz e sombra, inverno e verão,

vida e solidão.

Passeio à Pedra Redonda

1 Comentário

Trapiche da Pedra Redonda na primeira metade do século passado.
Fonte: Museu Joaquim José Felizardo

O ônibus segue lento, o itinerário sempre igual: Centro de Porto Alegre à Praia da Pedra Redonda. O sol se multiplica em cores nas águas tranquilas do rio. As casinhas de banho trepidam ao entrar e sair dos banhistas. Calções de banho e camisetas de física brancas. Maiôs que contornam o pescoço e acabam nos joelhos.O dia finda. A alegria sucumbe ao pôr-do-sol vermelho no horizonte do Guaíba. Uma garça cristaliza-se no junco. Uma ametista derrama-se sobre as águas. O ônibus recolhe os restos de alegria e cansaço. A noite chega. O dia se vai. As lembranças ficam.

O veraneio na Pedra Redonda

Deixe um comentário

Entrevista com Maria de Lourdes Mastroberti

MLourdes em Ipanema/1952

A alegria era contagiante durante os veraneios na Pedra Redonda, conforme relembra Maria de Lourdes Mastroberti, cujos passeios à orla eram uma constante nos domingos de verão, entre os anos 40 e 50 do século passado. Nas fotos deste post, que fazem parte de seu acervo pessoal, repare nos modelos do maiô – a cada veraneio, uma nova peça. 

Pedra Redonda/1953

“A gente ia porque era o lugar que tinha praia. No fim de semana, no domingo, a gente saía de manhã bem cedinho e voltava à tarde. Tinha ônibus com tranquilidade. Se aproveitava a praia, com dia bonito. Ia eu, minha irmã e uma amiga dela. E eu gostava muito.

Levávamos lanche. Galinha com farofa não podia faltar, e o bolo, que a minha mãe fazia. A gente comia também ovo cozido e levava pão com salame e queijo, era o sanduíche. Para beber, se levava umas garrafinhas com refresco. E tinha ainda aquelas famosas barraquinhas para se trocar. Eram compridas, tinha uns 2 metros de altura, era como um cone. Em cima, tinha um cordão que a gente amarrava nas árvores. Na barraquinha, cabia só uma pessoa. A gente entrava lá dentro, tirava o vestido e colocava o maiô. Ficava o dia inteiro de maiô. Tomava-se banho no Guaíba.

Ah, se aproveitou muito lá na Pedra Redonda. No fim do dia, a gente colocava tudo dentro de uma sacola e voltava para casa. Esperava o ônibus no final da linha, tudo na maior tranquilidade. Hoje, já não se pode fazer mais isso.”

Pedra Redonda/1953